13 de setembro de 2008

unforgotten story

(...)Por isso não esperava encontrar a espiga quando se virasse para o leito onde estivera deitada. Então ainda se sentiu mais vazia, pois possuía um passado distante que não conseguia aceder na sua memória e a memória do passado recente parecia-lhe impossível de conceber. Mas lá estava ela, a pairar sobre os lençóis de luz, flamejando, parecendo prestes a rebentar de dádiva, como sempre havia estado. A espiga que nunca se consumia e a chama que nunca cessava de dançar.


* * *

Lis sentiu um formigueiro por todo o corpo quando viu o lobo atirar-se sobre a sua amiga, mas não conseguiu pôr-se de pé para a ajudar. O sangue escorria-lhe pela carne aberta, mas não se pode dizer que caísse no chão, antes, o chão bebia-o sequioso, puxava-o com mais força do que puxava os seus joelhos para a manter no chão. No entanto, o seu corpo começava a ficar dormente, cada vez tinha menos força para resistir e sentia que a sua vida lhe escorria pela ferida. Então apareceu novamente o rapaz loiro, mas, desta vez, dele só veio a cabeça e as mãos. O rapaz loiro aproximou-se e pôs a mão em concha entre a ferida de Lis e o chão, contendo o sangue, que parando de ser puxado pelo chão, deixou de jorrar. Ambos ergueram os olhos um para o outro e o rapaz disse:
- Há coisas que estão para além da compreensão ou das leis universais que tinhas como adquiridas, mesmo que relativamente adquiridas. Aqui não há bem ou mal, só uma procura pela existência, que é tida como rara e preciosa por estes lados.

Lis, this is OURS

1 comentário:

Anónimo disse...

"A espiga que nunca se consumia e a chama que nunca cessava de dançar."

Temos de criar a beleza no íntimo, Ser...e brilhará, em cada espaço e tempo, se lhe dermos liberdade dentro de nós.

Continuo a concordar com o rapaz loiro :)

IT'S OURS :)

Beijinhos, até já